1981, rua Olavo Bilac, cidade baixa, Porto Alegre, ali pertinho da Redenção!
A menina no auge dos seus quatro anos, acordava cedo, tomava café e brincava de bonecas até o almoço.
Meio dia como de costume, descia as escadas do edifício e ia chamar seu avô paterno para almoçar.
Sempre antes de bater na porta espiava pela fechadura para tentar ver o que ele estava fazendo, mas nunca conseguiu ver nada.
Seu avô, um militar viúvo e aposentado morava sozinho e era sempre muito sisudo, olhava tudo a sua volta com ar de reprovação.
Na mesa durante o almoço, ela nem piscava, e tentava imitar os movimentos do avô que a estava ensinando a usar os talheres, posicionar os braços e sentar-se com a postura adequada.
A menina olhava para ele com medo e admiração, sentia-se orgulhosa com aquele avô tão grandão, imponente e sábio, ao mesmo tempo em que pisava em ovos na sua presença.
Nas poucas vezes que o avô a convidou para passear ela recusou o convite, pois pensava que o avô era muito alto(2 metros e pouco de altura) e não conseguiria enchergá-la lá em baixo com seus 1 metro e poucos de altura, e acabaria a perdendo no caminho.
O avô tinha o hábito de escrever, e por várias vezes deixou cartas embaixo da porta de seu apartamento para falar dos seus sentimentos, suas rusgas com o filho, ou simplesmente pedir que lhe devolvessem um presente dado.
Ele era expert em pedir de volta os presentes quando brigava ou se aborrecia com alguma coisa.
Anos depois a menina foi embora para outra cidade com seus pais e o irmão ainda bebê e acabou perdendo o contato com seu avô.
Muitas vezes teve vontade de visitá-lo, seu irmão também queria conhecer o avô, no entanto para o seu pai a reaproximação não era nada fácil .
O tempo foi passando e a vontade foi se tornando um sentimento cada vez mais distante.
Certo dia a menina acordou com um fusca buzinando em frente a sua casa, um homem desce do carro e conversa com seu pai que se veste rapidamente e sai.
Sua mãe fica nervosa, inquieta e a menina percebe que há algo errado.
Ela então descobre que seu avô morreu.
A morte do avô, deixou na menina um sentimento de tristeza, de perder algo que nunca teve, a convivência com o avô.
Engraçado, haviam muitas lembranças de momentos no mesmo ambiente que o avô, mas poucas lembranças em que de fato esteve com o avô, nenhuma em que eles brincaram, sorriram, se divertiram como fazem os avôs com seus netos.
Talvez por isso, a menina, que já é mulher, valorize tanto a convivência do seu filho com os avôs, para que ele tenha muito viva em suas lembranças uma das coisas mais importantes da infância " os dias que passamos com os avôs".
Carine Dias Soares
A Menina e o Violão
A Menina e o Violão
A menina tocava, como quem encanta serpentes e sorria como quem voa com as notas saídas de seu violão.
Cada nota tocada saía pelo mundo passeando por entre os meses, parando em cada estação.
Não é som, é dom de transformar tudo em versos e poesias.
Música sem voz, apenas som, sentimento da alma.
Na primavera , cada nota é flor a desabrochar e perfumar o jardim da senhorinha sozinha ,viúva, sem netos.
No verão é água brotando do asfalto, fazendo chafariz pra quem nem sabe o que é piscina.
No outono é folha de plátano voando livre , levando um beijo de saudades de um amor distante.
E no frio do inverno as notas do violão são um convite a reunir os amigos em torno da fogueira, reunir lembranças e histórias, aquecendo o coração.
E a menina para de tocar e fica chorando e sorrindo, lembrando das notas que deixou voar e dos voôs que ousou voar, ousou sonhar, ousou tocar.
Carine Dias Soares
A menina tocava, como quem encanta serpentes e sorria como quem voa com as notas saídas de seu violão.
Cada nota tocada saía pelo mundo passeando por entre os meses, parando em cada estação.
Não é som, é dom de transformar tudo em versos e poesias.
Música sem voz, apenas som, sentimento da alma.
Na primavera , cada nota é flor a desabrochar e perfumar o jardim da senhorinha sozinha ,viúva, sem netos.
No verão é água brotando do asfalto, fazendo chafariz pra quem nem sabe o que é piscina.
No outono é folha de plátano voando livre , levando um beijo de saudades de um amor distante.
E no frio do inverno as notas do violão são um convite a reunir os amigos em torno da fogueira, reunir lembranças e histórias, aquecendo o coração.
E a menina para de tocar e fica chorando e sorrindo, lembrando das notas que deixou voar e dos voôs que ousou voar, ousou sonhar, ousou tocar.
Carine Dias Soares
quinta-feira, 3 de março de 2011
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Coisinha de Bruxa
Tudo Zen
Adoro Bruxinhas ...
Então...
Vez ou outra passo pelo orkut dos meus amigos só para deixar um oizinho e ficarei feliz em receber o seu oizinho aqui no meu blog.
Tô adorando esse lance de ter um espaço para escrever, expressar meus pensamentos e entendo que isso não deixa de ser um diário com coisas sobre o meu dia, minhas dúvidas, minhas dicas...
Enfim vamos socializar nossas idéias e fazer fluir um montão de coisas boas que cada um de nós pode oferecer ao universo.
Muita PAz, Luz e Alegria para todos nós.
Sejam muito bem vindos!!!
Tô adorando esse lance de ter um espaço para escrever, expressar meus pensamentos e entendo que isso não deixa de ser um diário com coisas sobre o meu dia, minhas dúvidas, minhas dicas...
Enfim vamos socializar nossas idéias e fazer fluir um montão de coisas boas que cada um de nós pode oferecer ao universo.
Muita PAz, Luz e Alegria para todos nós.
Sejam muito bem vindos!!!
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