Quando estiver bem velhinha daqui uns cento e dez anos...

... Quero deixar o que há de melhor em mim, mas espero que meus erros sirvam de exemplo de coisas que não devemos fazer nunca, ou pelo menos não fazer sempre.

Quero ser lembrada pelo meu sorriso e minhas maluquices, meu jeito esquisito de vestir e minhas tiarinhas de florzinhas no cabelo.

Quero que tenham conseguido ver meus olhos além das lentes dos meus óculos, e que saibam que essas lentes nunca me impediram de ver as coisas com os olhos do coração e a visão de uma águia.

Quero que as pessoas falem bem de mim, não por que me fui, mas por que realmente me querem bem e me acham bacana.

E se forem apenas cinco pessoas na minha despedida, que sejam pessoas verdadeiras que gostam de mim e sentirão saudades.

Não pretendo lhes deixar nada de material, mas sentimentos, palavras, músicas, meus sonhos
(que foram ou não realizados).

Deixo também algumas coisinhas de valor sentimental, minhas fotos, hello kittys, meu cd da Maria Gadú, e meu Cd do Oswaldo Montenegro.

Deixo a vida como quem deixa uma cama quentinha no inverno, e abre a janela do quarto sendo surpreendida por uma serenata.

Sei que vivi intensamente, amei muito e fui amada, fui corajosa e feroz, decidida e audaciosa, perspicaz e capaz, impaciente e inconstante.

Foi muito bom ser eu !

Carine Dias Soares

Inspirado no texto de Rubem Alves
" O Testamento"